A brincadeira sinistra dos palhaços assassinos tornou-se grave

Brincadeira ou não, há uma moda viral que está a gerar polémica dos dois lados do Atlântico e que até já obrigou a Casa Branca a assegurar que isto é para “levar a sério” (os polícias pedem calma para poderem trabalhar normalmente). Desde setembro que um número anormalmente alto de pessoas decide disfarçar-se de palhaço, sair à rua e assustar quem passa – por vezes é só isso, outras vezes há ataques com facas e perseguições a crianças. Os palhaços profissionais indignam-se (“estes idiotas estão a prejudicar-nos”); em Portugal, o palhaço que animou campos de refugiados pede calma e ponderação: “Estamos cá para transmitir amor e alegria”

Simon Chinery apanhou o autocarro para Blackburn, em Lancashire, para voltar de uma saída à noite. Tranquilamente, saiu do transporte e dirigiu-se a uma caixa multibanco próxima do Starbucks daquela zona. Assim que se afastou do multibanco e se virou para trás com intenções de voltar a casa, deparou-se com uma visão aterrorizadora: mesmo à sua frente estava um indivíduo vestido de palhaço, uma peruca verde aos caracóis, maquilhagem preta a contornar os olhos, um nariz e uma barba tingidos de vermelho. Na mão, segurava uma faca de 25 centímetros.
“Nunca estive tão assustado na vida. Parecia algo saído de um filme de terror”, relata Chinery, de 28 anos, cuja história chegou aos media britânicos depois de a luta em que se envolveu com o pretenso palhaço ter resultado em graves ferimentos na sua mão direita que o podem deixar “incapacitado” – a lâmina da faca atravessou quatro ligamentos, o suspeito continua a monte. É uma história assustadora, mas está longe de ser um caso isolado: esta é mais uma das histórias que se multiplicam desde que a moda dos palhaços assustadores chegou a este lado do Atlântico.
A moda, originada nos Estados Unidos e tornada popular pelas redes sociais, começou em finais de setembro quando um grupo de pessoas vestidas de palhaços decidiu atrair um grupo de crianças para um bosque localizado em Greenville, no estado da Carolina do Sul. Rapidamente o que parecia tratar-se de um incidente sinistro, mas isolado, virou moda: nos Estados Unidos já houve escolas a fechar, cancelamentos de presenças de palhaços profissionais em festas ou hospitais e até declarações do assessor de Obama na Casa Branca.
Os casos multiplicam-se – segundo o “Wall Street Journal”, ocorrências semelhantes já foram denunciadas em 38 estados norte-americanos - e têm repercussões preocupantes, nomeadamente junto dos mais novos, desde o caso de uma rapariga de 11 anos em Georgia que foi detida por levar consigo para a escola uma faca com o objetivo de se defender de palhaços à jovem de 13 anos detida por pedir a um palhaço, através das redes sociais, que matasse o seu professor.